sexta-feira, 29 de abril de 2016

A minha bolsa

Todos os homens se perguntam a determinada altura da vida: “Mas que raios traz ela na bolsa?” Até porque muitas vezes, principalmente durante a corte, são eles mesmos que as carregam (isso passa-lhes um mês ou dois depois). Nós mulheres, em contrapartida, não sabemos como os homens conseguem sobreviver sem uma bolsa. Eu não consigo. A vida deixaria simplesmente de fazer sentido.

Diz um estudo que o peso médio de uma bolsa feminina ronda os 2,700kg. Impressionante, não é? Esse era quase o peso do meu primeiro filho quando nasceu. Não estou a inventar, é mesmo verídico. Conseguimos mesmo enfiar 2,700kg de merdas dentro das nossas bolsas e o mais curioso é que nem sequer sabemos o que lá estão a fazer pelo menos 2,500kg, mas carregamo-los com orgulho.

Mas ainda mais interessante do que a bolsa de uma mera mulher, é a bolsa de uma mulher com filhos. Aí sim, é abrir a caixa de Pandora e esperar pelo melhor. Por isso mesmo, hoje decidi abrir a minha bolsa e revelá-la ao mundo. Foi fascinante, foi quase como uma escavação arqueológica. Amanhã tenho de levar a vacina do tétano, mas valeu a pena o sacrifício.

Então os objectos encontrados foram os seguintes:

-Espelho para ver se tenho alguma coisa nos dentes, imprescindível. Visto que quando isso acontece ninguém me avisa. Uma pinça para qualquer eventualidade ou arrombamento casual. Amostra de um perfume que não posso comprar porque tem um preço ridículo. Lip gloss, batom do cieiro, batom “Nude” da moda. Pulseira partida;


-Carteira, que não abro porque tem 1000 cartões diferentes de coisas que nem sequer sei o que são nem para que servem;


-Toalhitas para limpar baba, sapatos, vomitado, mobiliário, bancos do carro, roupa, ranho, etc, etc;


-Lenço de papel usado;

- Mais uma série de lenços de papel usados;


-Os personagens todos de um filme que já chateia;


-Dois Homem-Aranha, pelo sim pelo não;


-Uma porca;


-O cartão de um hotel onde nunca estive (?);


-Dois chocapics (provavelmente um para cada filho);


-Uma colher;

-Um brinde que me saiu num bolo-rei provavelmente em 1990;

-Um rebuçado cuja validade expirou na mesma altura que encontrei o brinde no bolo-rei;


-Papéis;

-Tiras de tornozelo de uns sapatos de verniz que andavam perdidas desde o baptizado dos meus filhos em 2014 (fartei-me de as procurar, yay!);


-Um soldadinho sem um pé;


-E um balão que dá sempre jeito.



segunda-feira, 25 de abril de 2016

Lista de nomes populares para quem vai procriar hoje ou nos próximos dias

Após uma extensa investigação (foram garantidamente doze minutos e três quartos, com uma breve pausa para ir à casa de banho, elemento recorrente dos meus textos) e consciente do meu extremo bom gosto, divulgo agora a tão-esperada-lista dos nomes mais populares para 2017. Eu sei que vocês estavam em pulgas. Não desesperem mais. Escolham um dos seguintes nomes para os vossos filhos e asseguro-vos que todos os dias lhes roubam o dinheiro da merenda da escola. Não precisam de agradecer.

Lembro, contudo, antes de começar, que em Portugal nem todos os nomes são permitidos como sabem, pois temos de pensar na dificuldade de pronunciação e no respeito pela língua. Não é só porque se vos dá na gana que podem chamar aos vossos rebentos coisas como sei lá… Lyannii ou Lyonce Viiktória, inventados agora de repente. De qualquer forma, os nomes que se seguem são muito, MUITO melhores. Agarrem-se às cadeiras que isto vai ser emocionante.

Esqueçam as Marias Leonores e os Martins Salvadores. Para quem gosta de nomes compostos há o sempre elegante “Ursa Castorina” para pais amantes de animais e “Ordonho Dólique” para… Pais com uma situação psiquiátrica muito especial.

Para pais com queda por assassinos em série, “Luzinira Michele” (a stripper revoltada) ou “Susete Sofia” (a dona de casa turned bad); para menino “Janardo José” (o homem que gostava de comer tremoços e um dia comprou uma espingarda nos ciganos) ou “Garibaldo Evangelista” (o padre com dúvidas existenciais que transformou uma missa das 7h num massacre sanguinário).


Temos o “Azuil” e a “Gloriosa” para pais de clubes distintos. E para nomes que façam pandã temos os manos “Sindulfo” e “Simoneta” (que rima com…); “Xisto” e “Cidalisa” são outra combinação improvável como aquela receita do Avillez de iogurte com sarrabulho. As opções são tantas que podia ficar aqui a noite toda, mas tenho os meus dois filhos com nomes démodé para dar banho, por isso o resto fica para outro dia. 


sábado, 23 de abril de 2016

Oh Happy Day!

Desde a vinda dos picheleiros cá a casa, isto tem andado paradito no que toca a enredos emocionantes. Contudo, a sanita parece que já está outra vez kaput, lixada, entupida sei lá! Com a quantidade de intestinos afinadíssimos que andam cá por casa, não há sanita que aguente. E bem, como ainda solta uma gotinha ou duas como no anúncio das outras senhoras de meia-idade que não se podem rir, o mais certo e inevitável é que um dia destes tenha de voltar a enfrentar a cara de nojo dos dois simpáticos senhores que tratam das sanitas das pessoas e que de certeza nunca mais esquecerão a minha cara ou aliás, o meu cocó, que não era meu, mas que eles pensaram que era embora não fosse. Quero deixar isto bem claro. NÃO FUI EU!

Mas bem, como dizia, isto anda fraquinho, e o ponto alto da minha sexta-feira foi uma ida ao supermercado (já vos digo porquê). Feitas as compras, dirigi-me às caixas e fiz aquilo que toda a gente faz, procurei pela caixa com menos gente. Esperei. Olhei à volta e a caixa do lado pareceu mais rápida. Mudei-me rapidamente para lá, com um carrinho que fazia "nhhhiii nhiiii" de cada vez que virava à direita. Satisfeita pela minha rápida tomada de decisão, sorri para dentro e enchi o peito de orgulho... Para logo o desinchar outra vez. 

A gaja da frente tinha 1000 cupões de desconto, se não eram 1000 eram 999. E claro que a senhora da caixa, simpática que era, dizia-lhe de que desconto a senhora podia usufruir caso possuísse algum dos artigos mencionados no desconto e que a senhora pelos vistos não fazia ideia se tinha comprado ou não. "25% desconto em carne picada". Passava o cupão. Piii. Momento de suspense. "A senhora não leva carne picada.", dizia ela com uma voz fanhosa enquanto se ria com os dentes todos da boca. "15% desconto em caixas de papel higiénico com cheiro a rosas selvagens cultivadas na Tasmânia e colhidas por um monge tibetano que por acaso estava de passagem." Piii."Que pena, parece que não leva papel higiénico." E claro que meia dúzia de coisas não tinham código e era preciso chamar não-sei-quem que vinha de não-sei-onde para resolver aquilo. E enquanto isso lá desesperava eu com o meu triste fado. Mas por que raios levamos sempre com uma destas quando estamos com pressa? Já fiz esta mesma pergunta a deus tantas vezes…

Adiante, 53 minutos e meio depois, lá saí do supermercado. Para além das compras ainda trouxe um tremor miudinho na pálpebra esquerda resultado dos nervos acumulados. Mas isso foi ontem, hoje é um dia feliz, muito feliz, porque o meu bebé-mais-quininho faz 2 anos e por ele voltava a levar com aqueles cupões todos e mais alguns e ainda degolava um dragão e meio no processo com o meu cartão de descontos do dito estabelecimento comercial só para lhe poder comprar granulado de chocolate para lhe fazer os cupcakes de cenoura com que tanto gosta de se lambuzar.


 2 anos, 24 meses, 104,36 semanas, 730 dias, 17520 horas, 6372000 segundos.

Parabéns, S :) 



Memo to self: Comprar papel higiénico com cheiro a rosas selvagens cultivadas na Tasmânia e colhidas por um monge tibetano.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

O Boné do Homem-Aranha

Sabem aquelas noites revigorantes que nos enchem a alma e o corpo de energia e nos deixam prontos para enfrentar o corrupio do dia seguinte? Pois, eu também não.

Às 3h da manhã, aparece-me o meu filho mais velho no quarto. Não tenho a certeza das horas, mas o meu corpo dizia-me que eram 2h45/3h. Disse que tinha medo. Perguntei de quê enquanto ainda bocejava. Não sabia, mas tinha medo. Lá o deitei na minha cama e ali ficou umas horas até o P. o levar para a cama dele outra vez. Infelizmente, a nossa cama “ikea-size” não dá para muito mais que duas pessoas de estatura mediana sendo que uma com IMC necessariamente inferior a 18,5. E como o meu filho gosta de dormir em posição “anjo de neve” acabo a dormir com a bochecha esquerda em cima da mesinha de cabeceira.

Por volta das 7h da manhã - a minha bexiga assegurou-me das horas - aparece ele outra vez no quarto porque tinha feito xixi. Toca de lhe tirar a roupa. Deito-o na nossa cama para podermos desfrutar de mais uns minutinhos em estado de semiconsciência. Toca o despertador e começam as birras.

1-Queria o boné do Homem-Aranha;
2-Não era aquela camisola azul que ele queria;
3-Não eram aquelas calças que queria;
4-Nem aquelas meias;
5-Muito menos aqueles sapatos;
6-Ainda não tinha o boné do Homem-Aranha;
7-Não queria ir à escola porque já tinha ido ontem;
8-Não queria comer o iogurte;
9-Queria comer o iogurte;
10-Não queria mais iogurte;
11-Afinal queria o resto do iogurte;
12-Ainda não tinha o boné do Homem-Aranha;
13-Só tinha um brinquedo numa mão e a outra mão não tinha nada;
14-O casaco tapava a camisola azul que ele não queria no ponto 2;
15-Queria levar a mochila às costas;
16-A mochila era muito pesada.
17-Já não queria o boné do Homem-Aranha.


Isto tudo antes das 9h da manhã. O dia promete J

quinta-feira, 21 de abril de 2016

O real benefício do Arroz Integral (aquele de que ninguém fala)

Em seguimento do texto de ontem que podem ler aqui, hoje venho falar-vos de um assunto sério que ultimamente tem sido tópico de debate nas redes sociais. A alimentação saudável. Tenho tentado desde há algum tempo seguir um regime alimentar mais adequado (diz a gaja que acabou de comer dois pães besuntados em manteiga carregada de sal e ainda piscou o olho ao saco dos marshmallows). Todos sabemos os benefícios de se comer mais fruta e vegetais, menos ou nenhuma carne, mais cereais (a não ser que sejam paleo) etc etc, mas não nos contam o resto. Vou passar a explicar.

Ontem foi um daqueles dias em que olhei para um saco de arroz integral que ali tinha e disse em ar desafiador: “É hoje que te vou comer.” Já tinha cozinhado aquilo uma vez e a coisa não correu lá muito bem, parecia que estava a mastigar pregos, que como devem imaginar não é muito agradável - a não ser que se sofra de Pica. Descobri que o dito arroz deve ser demolhado umas quantas horas para se conseguir cozinhar convenientemente. Foi isso que fiz logo de manhã e ali ficou até à noitinha para o jantar. À noite fiz um belo de um arroz integral com uvas passas (chique), tomilho, cebolinho e coentros. Ficou muito bom. Rapámos o tacho todo e esfregámos a barriga à lordes. E nenhum animal sofreu durante a confecção do nosso jantarinho pouco português.

E agora os tais benefícios. O arroz integral é rico em fibra o que significa que ajuda a regular o sistema digestivo. Dito por miúdos, é óptimo para aqueles que #cagamgrosso e sofrem de hemorroidas (que é uma palavra carregada de musicalidade e tão desprezada pelos blogues) e para os seus vizinhos que #cagamfininho (esta roubei a uma amiga minha). O que acontece é que a fibra faz amizade com a tripa e mantém as nossas entranhas lindas e fofas. A sério! O que se seguiu foi uma belíssima noite de sono e era a este benefício que pretendia chegar.


Não sei o que se passou, mas sonhei que o Johnny Cash andava em procissão pelas ruas de Braga com uma comitiva de Gigantones e Cabeçudos de Viana. Eu - não sei porquê – tinha um penteado à Marilyn Monroe e estava a vê-lo passar muito ansiosa. Lembro-me de estender um tapete com o mapa do mundo no chão para Ele passar (tem de ser com maiúscula, é o Johnny minha gente). Nesse momento, virei-me na cama e mandei uma cabeçada ao P. que continuou a dormir como se nada fosse. Raios, nem uma musiquinha ouvi! Fica para a próxima, vou já demolhar mais meio kg para comer logo à noite ao som de Folsom Prison Blues :) Agora já sabem, se quiserem ter sonhos bons, comam arroz integral.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Manhã de caca

O seguinte tópico contém termos da gíria com sinónimos equivalentes a "fezes" e ao próprio “acto natural de defecar”. Leiam por vossa própria conta e risco:

Vou começar com a primeira peripécia do blogue. Bem fresquinha porque aconteceu hoje, sim hoje. Pois bem, vieram cá dois picheleiros para me arranjar a sanita de apoio à sala que estava sempre a verter. Então temos mantido a água fechada. (A história promete, pensam vocês). Os senhores apareceram de repente, não estava a contar que viessem tão cedo, mas pronto, paciência. Eles chegaram, bom dia, como está, tudo muito bem.

Entraram, perguntaram onde era a sanita e para lá fomos nós muito felizes da vida. Eis que um dos gajos me levanta a tampa da sanita. Que vejo eu? Claro. Um bruto de um cagalhão que quase nem cabia lá dentro. (What else? diria o Clooney.) Parecia um menir! Ainda se via o rasto castanho por onde tinha escorregado e tudo. Ainda pensei em dizer-lhe que devia ter sido o meu filho de 3 anos pois mais ninguém tem usado a sanita, mas não disse nada. Achei que poderia tornar a situação mais embaraçosa (como se isso fosse possível) e ia parecer uma desculpa desesperada de uma dona de casa que caga à grande e à portuguesa, mas eles com certeza pensaram que fui eu, claro! Até porque só cá estava eu e o meu filho de 23 meses e uma monstruosidade daquelas não sai do cu de um bebé de 90 cm. É senso comum. Também me pareceu um golpe baixo atirar as culpas para cima de um menor que por acaso até é meu filho.

Ninguém disse nada e limitámo-nos os três a olhar para aquele elefante castanho e fingir que lá não estava nada... Até o meu filho de 23 meses aparecer, dar dois saltinhos de euforia e gritar enquanto apontava para a sanita: CACA!!! Naquele momento, meus senhores, desejei morrer.

*Este texto NÃO foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Ora cá estou eu!

Parece que conto cenas engraçadas, dizem elas. Nem sei se deva considerar o argumento um elogio, porque me limito a contar episódios da minha vida o que me faz repensar todo o meu percurso existencial, mas adiante que se faz tarde... Após vários pedidos (e subornos com coisas altamente açucaradas) lá me decidi a criar uma coisa destas que agora toda a gente parece ter. Um “blog” ou “blogue”, aportuguesadamente falando (como a “pizza” que agora é “piza” e o “bowling” é “bólingue” e “cartão de cidadão” é “cartão de cidadania”). E penso possuir o perfil ideal, pois tal como essa gente toda não tenho nada para dizer e por isso mesmo acho que o meu público-alvo está perfeitamente garantido, porque fartos de gente que têm sempre coisas para dizer andamos nós todos. Não tarda nada estou a ser entrevistada pelo Goucha sobre a quantidade imensa de coisas que não tenho para dizer. Ui é que vai ser! Já me estou a imaginar a assinar autógrafos ao lado da prateleira das fraldas tamanho 4 Nene na mercearia dos meus sogros, enquanto a Dona Clotilde me pede para tirar uma “selfe” com um saco de grelos na mão. Tendo isto sucesso, como todos me garantem que terei, talvez seja este ano que compre o bendito Massajador de Pés que ando a namorar na Worten desde que me lembro de ter pés (que foi mais ou menos na mesma altura que o meu filho mais velho decidiu começar a andar). E pronto é assim a apresentação desta coisa. Até que não correu mal de todo :)