quarta-feira, 18 de maio de 2016

Tácticas para se enfiarem na nossa cama

Se há coisa que não me posso queixar é das noites. Ambos os meus filhos – entenda-se os dois J –  adormecem sozinhos minutos depois de os deitar. Nem sempre foi assim. Aliás, não é à toa que as olheiras até ao queixo são a minha imagem de marca. Dica: corrector + duas bases costumam funcionar. Dica2: não esquecer de fazer o mesmo ao resto da cara para não assustar o senhor da frutaria que me perguntou se tinha alguma doença de pele e que a filha se tinha ido tratar a França.

Tantas vezes acordaram, tantas vezes me levantei e deitei e levantei e levantei e levantei (sendo que aqui a palavra chave é levantar) que conheço os contornos desta casa de olhos fechados. Guio-me pelo som da choradeira e ainda recorro à ecolocalização que aprendi a dominar num programa da National Geographic. Acho que nos primeiros tempos passava mais tempo no corredor entre os quartos do que propriamente dentro de algum, porque normalmente aquela tábua ali à entrada do meu quarto - que tem claramente alguma coisa contra mim - fazia um barulho qualquer que acordava algum deles.

Mas estávamos a falar de quê? Ah, sim! Então por volta das 22h, é hora de picar o ponto. Um vai agarrado a quatro bichos (mais especificamente um tigre, um cão, um sapo e um elefante a quem chama carinhosamente de “Bu” e que está desaparecido há cerca de 2 semanas); o outro vai agarrado a duas fraldas de pano criteriosamente seleccionadas da prateleira das nanas pelo próprio após preenchidos os exigentes requisitos: a) cheiro, b) cor, c) consistência e c) suavidade ao toque. É quase como degustar um bom vinho e sendo o meu filho um “pro” nesta degustação de nanas leva cerca de 5 minutos a analisar todos os critérios. Eu cá só percebo mesmo de vinhos, portanto não vos posso elucidar muito mais acerca desta arte.

Ultimamente, o meu filho mais velho, de 3 anos quase 4, tem inventado uns pretextos curiosos, alguns diria mesmo que roçam o paranormal, para se vir enfiar na minha cama. Deixo abaixo a lista das desculpas mais criativas que tem usado ultimamente:

#Sofrimento
I-Tenho dói-dói na “baguiga”;
II-Tenho dói-dói no pé e na minha cama dói MUITO, MUITO e na tua só dói um “caguinho” (=bocadinho);
III-Dói-me a boca quando fecho os olhos (perfeitamente compreensível, a quem nunca isto aconteceu que atire a primeira pedra);
IV-Dói-me o cabelo.

#Bodes Expiatórios
I-A vovó prometeu que hoje dormia aqui (primeiro bode: a avó);
II-O meu ouvido está sempre a falar e não me deixa dormir (segundo bode: as vozes).

#Negligência
I-Tenho uma unha grande;
II-Ainda não comi uma coisa! (depois de ter enfardado 2kg de arroz, meio frango, ¼ de melancia e um iogurte);
III-Esta mão tem frio;
IV-Só me deste um beijinho nesta cara (esquerda) e a outra (direita) ficou muito “tiste”.

#Subornos
I-Mas eu gosto tanto de ti, mamã! (esta por norma funciona sempre, raio do rapaz que me descobriu o calcanhar de Aquiles)

#A Completamente Esfarrapada
I-Já dormi muitas vezes! Não é para dormir sempre!

Boa noite J




Procura-se elefante cinza com um chapéu demasiado pequeno para a cabeça e com orelhas ridiculamente grandes. Dá pelo nome de “Bu”. Da última vez que foi visto, tinha duas manchas de chocolate na tromba. Contacte por favor a blogger caso possua mais informações acerca do seu paradeiro. Grata.

2 comentários:

  1. Essa do já dormi muitas vezes faz-me lembrar a desculpa da A para não lavar os dentes, "Mãe não peciso laca os dentes hoje, lavei ontem."

    ResponderEliminar
  2. Heheheheheheheheheh muita bom! Já me ri e muito aqui que nem uma ursa! Ass. Sara P. ;)

    ResponderEliminar